João Gonsalves, autor do Livro AFE Manual do Produtor de Leite, destaca que o manejo de bezerros leiteiros constitui um desafio na maioria das fazendas leiteiras do Brasil, pois eles costumam ser tratados como uma categoria de menor prioridade, quando comparados a animais já em produção.
Para lidar com bezerros leiteiros, criadores devem estar cientes de alguns procedimentos pelos quais os animais devem passar. Um desses, é a retirada do chifre de bezerros leiteiros. A presença desse elemento pode provocar ferimentos nos tratadores durante o manejo e, também, entre os animais.
Ao retirá-lo, diminui também a competição e os comportamentos de dominância, além de deixar o manejo mais facilitado e permitir que mais animais consigam acessar o comedouro ao mesmo tempo. Há duas formas de retirá-lo: amochamento e descorna. A diferença entre os dois está no período de realização da retirada do chifre:
- O amochamento é feito até dois meses de idade, períodoem que as células queratogênicas ainda não se fundiram ao crânio do animal, sendo destruídas;
- A descorna é feita após esse período, é um procedimento cirúrgico e visa remover o corno já formado e fundido.
Ambas provocam um forte estímulo mecânico, químico ou térmico no animal, por conta da lesão que é realizada de forma aguda e intensa. Estudos apontam que, assim como a castração, esse procedimento causa dor aos animais, devendo ser realizado de forma que ela seja atenuada ou eliminada. É fundamental garantir o bem-estar dos animais durante o procedimento.
Muitos criadores alegam falta de dinheiro, mão de obra e outros motivos para realizar a remoção sem anestesia e analgesia, o que vem sendo combatido com a implementação de leis para evitar o sofrimento dos animais.
Anestesia
Para que o animal fique anestesiado, é necessário empregar uma combinação dos dois tipos de anestesia, a geral e a local. Isso porque a aplicação da anestesia geral ou de sedação não elimina a dor que o animal sente, devendo estar associada à local. Ela é obrigatória no procedimento cirúrgico e, além da dor, auxilia também na contenção do animal.
Analgesia
Ministra-se anti-inflamatórios para que se atenue a condição inflamatória, agindo na diminuição da dor do animal. Há uma nova forma de analgesia, conhecida como “analgesia preemptiva”, que consiste na aplicação pré-operatória de analgésicos para auxiliar na dor e no desconforto sentido no pós-operatório.
Práticas de amochamento
Como mencionado, o amochamento só pode ser feito até dois meses de idade. Comumente, emprega-se o amochamento por ferro quente/elétrico ou por cauterização química. A segunda, realizada com aplicação de pastas cáusticas, causa dor intensa nos animais, mas que dura menos tempo do que a dor causada pelo ferro quente.
A técnica de amochamento por ferro quente requer muito preparo para a realização, para que não se queime a pele do animal. Para tal, deve-se retirar o pelo do local e deve-se evitar utilizar força excessiva. Como ela promove uma queimadura no animal, após o procedimento o criador tem que aplicar uma pomada cicatrizante e repelente.
Amochamento/descorna: realizar ou não?
Ainda que os dois procedimentos sejam rápidos e consigam eliminar uma série de problemas durante a criação dos animais, é necessário considerar que eles sentem dor em qualquer um deles. A prática é recomendada quando é possível reduzir ou eliminar a dor, utilizando anestésicos, analgésicos e anti-inflamatórios, além de garantir o bem-estar do animal durante a realização do procedimento.
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Fonte: Milk Point – milkpoint.com.br
por Renato Rodrigues