Valor medicinal
Esta talvez seja uma das áreas que mais tenham avançado nos últimos anos. Até meados da década passada, praticamente, não existiam informações científicas, no Brasil, sobre os efeitos medicinais do cogumelo medicinal (A. blazei). Com o início, no Brasil, já se têm diversos dados e o uso correto desse cogumelo para o tratamento de algumas doenças é uma realidade no país, apesar de ainda serem necessários diversos estudos nessa área.
Importância medicinal do A. blazei
Os cogumelos vêm sendo utilizados pela medicina popular há muito tempo, para combater diversos males como as hemorragias, as cólicas, as feridas, a asma, dentre diversas outras doenças. Um exemplo desses usos pela cultura popular é o uso do cogumelo orelha-de-pau-vermelha (Pycnoporus sanguineus) para a cicatrização de feridas por algumas tribos indígenas brasileiras.
⇒ Essas informações, embora de grande valor, são indevidamente utilizadas em propagandas, pois carecem de base científica e manipulam dados obtidos para as substâncias purificadas extraídas dos cogumelos que, mais puras e concentradas, são conceitualmente fármacos, isto é, distanciam-se do uso nutracêutico dos cogumelos quando consumidos em seu todo ou em extratos brutos (desempenhando funções preventivas ou coadjuvantes das terapias médicas convencionais).
Estudos sobre o desenvolvimento de agentes antitumorais, baseados nessa ideia, têm tido algum progresso a partir de polissacarídeos extraídos de cogumelos. Um dos primeiros estudos sobre o potencial de aplicação médica dos cogumelos data de 1959, quando um possível agente antitumoral descrito como Calvacina foi isolado do cogumelo Calvatia gigantea, (“puffball” gigante).
Embora empíricos, existem relatos populares de que o extrato de A. blazei tem sido responsável pela recuperação e melhora do quadro clínico geral de alguns pacientes com tumores cancerígenos, quando ministrados concomitantemente com os tratamentos convencionais, tais como a rádio e a quimioterapia. Em alguns casos, esse extrato pode reduzir o uso dessas terapias ou diminuir os efeitos colaterais das radiações, deletérias ao organismo.
⇒ No entanto, essas recomendações não advêm de trabalhos científicos ou de observações sistematizadas. No intuito de elucidar algumas dessas questões, a partir de 1998, um grupo diversificado de equipes das áreas de tecnologia de cultivo, bioquímica, radio respostas, mutagênese e carcinogênese, imunomodulação e fitopatologia, vem desenvolvendo um Projeto Temático, financiado pela FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
Dentre os resultados já obtidos desses estudos, relacionam-se as bases científicas sobre a forma de extração e dosagem diária recomendada de cogumelos, e contrariam totalmente aquelas recomendações feitas por comerciantes e produtores. Há trabalho sobre microrganismos como fonte de alimento mostrando que, em função da grande concentração de bases dos ácidos nucleicos (bases púricas e pirimidínicas), pode haver uma sobrecarga do sistema renal humano em dietas com consumo de fungos acima de 250 g por dia, que correspondem a aproximadamente 25 g de cogumelo desidratado.
Outro dado importante dessas recentes pesquisas é que o chá, obtido por fervura, diminui a sobrevida de camundongos portadores de tumores cancerígenos, provavelmente, pelos efeitos hepatotóxicos.
Em função desses resultados, recomenda-se a dose máxima de 25 g do cogumelo desidratado em pó ou fatiado para pessoas de 60 kg de peso, por dia, na forma de suco ou chá obtido em 200 mL de água potável, à temperatura entre 4 °C e 60 °C, liquefeito por 1 a 2 min (quando o cogumelo estiver fatiado) e, preferencialmente, consumir, no início do dia, logo após o preparo. Após preparado, se não for consumido em seguida, o extrato de A. blazei deve ser conservado em refrigerador. Recomenda-se também consumir todo o resíduo, pois parte dos princípios ativos são insolúveis em água.
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Por Eduardo Silva Ribeiro.