O Brasil é o sexto maior produtor mundial de leite. A cadeia produtiva do leite no Brasil vem evoluindo, de modo que a produção de leite cresceu 121% entre 1980 e 2005, enquanto a população cresceu, no mesmo período, somente 64,4%.
A partir do ano de 2000, o Brasil passou de grande importador para grande exportador de leite. O final da década de 90 foi marcado por mudanças no sistema agroindustrial do leite causados por: Estabilização da economia (Plano Real); abertura de mercado; fim do controle de preço do leite pelo governo; granelização do leite.
Após o Plano Real, com a desvalorização do real frente ao dólar, os preços dos insumos aumentaram (ração, adubo, remédios), aumentando o custo da produção. Com o aumento do consumo de leite longa vida, ocorreu uma queda do preço pago pelo L de leite ao produtor (devido ao aumento do estoque de leite pelos laticínios).
Nesse contexto de aumento de custos e redução do preço pago por L de leite, o produtor foi forçado a se tornar eficiente, tendo controle total da atividade, reduzindo os custos de produção e produzir em escala. Aquele que não adotar essa filosofia estará fora da atividade em poucos anos. O produtor de leite deve, portanto, ser um empresário rural, tendo sua propriedade com uma empresa.
Mais recentemente, os laticínios começaram a remunerar os produtores pela qualidade do leite (teor de contagem de células somáticas e unidade formadora de colônia) e pelo teor de sólidos (% de proteína e gordura). O produtor pode ser bonificado ou penalizado se não atingir os níveis estipulados pela indústria. O produtor moderno deve começar a se preocupar com o teor de sólidos e com a qualidade do leite, mesmo que não esteja ainda sendo remunerado pela qualidade do leite. Com a instrução Normativa 51, em vigor no Brasil, o produtor será forçado a melhorar a qualidade do leite, mesmo que não seja remunerado por isso.
Existe ainda uma preocupação do consumidor em ingerir alimentos seguros, sem contaminação. Devido a essa preocupação, foi lançado o programa de boas práticas e o PAS campo (Produção de Alimentos Seguros no campo), exigindo que o produtor adote medidas de boas práticas agropecuárias, com o objetivo de reduzir os riscos de contaminação do meio ambiente e à erradicação do trabalho infantil e escravo.
Portanto, o produtor moderno, além de ser eficiente, deve produzir leite de boa qualidade (baixo teor de CCS e UFC e bom teor de sólidos), respeitando o meio ambiente, e oferecer boas condições de trabalho aos seus colaboradores.
O sistema de produção de leite brasileiro deve:
Intensificar a produção e a utilização de pastagem tropicais (explorando todo o potencial das gramíneas tropicais);
Utilizar a produção e a utilização de pastagens tropicais (explorando todo o potencial das gramíneas tropicais);
Utilizar níveis econômicos de suplementação concentrada (utilizando ao máximo s subprodutos para reduzir o custo do concentrado);
Minimizar o uso de medicamentos (principalmente antibióticos e antiparasitários que são usados, muitas vezes, sem critério técnico);
Utilizar instalações simples e funcionais; utilizar máquinas e equipamentos, só quando justificáveis economicamente;
Adequar a genética ao sistema de produção;
Utilizar animais com bom potencial de produção de leite a pasto;
Adotar as tecnologias disponíveis para manejo do rebanho; e
Suplementar os rebanhos na época da seca.
Retirado do Livro Manual do Produtor Leiteiro