Quando se fala em melhorar a produtividade na fazenda, pensa-se de imediato em um inevitável aumento das despesas. As coisas não ocorrem associadas, necessariamente, dessa forma e nem é esse o ângulo pelo qual os negócios do pecuarista devem ser vistos.
Antes de tudo, importa ter em mente que o produtor, com a sua exploração pecuária, tem em vista a obtenção de maior lucro e que a entrada de novas tecnologias na fazenda – para se conseguir o ótimo produtivo – deve ser orientada unicamente na direção desse objetivo, ou seja, o de lucrar mais.
Quando se considera a questão sob essa óptica, fica mais fácil ver que alguns conceitos, amplamente espalhados entre técnicos, produtores e o público, em geral, precisam ser reavaliados e que os pontos de referência do problema precisam ser devidamente esclarecidos. Assim, no caso da pecuária de corte, tem-se dito de forma insistente que se trata de um setor atrasado, de baixa produtividade e índice de eficiência sofrível, e que essa produtividade deve evoluir e alcançar os níveis de países desenvolvidos.
Tudo isso está perfeito e ninguém ousaria afirmar o contrário. Mas, poucos se dão ao trabalho de calcular quanto custa alcançar esses tais altos níveis de Primeiro Mundo e se esse acréscimo de custos será efetivamente compensado por um ganho em termos de lucro. Essa é a verdadeira base de referência.
Na realidade, a busca de uma produtividade maior deve ser muito bem planejada, prevendo-se o uso de tecnologias comprovadas e coerentes com a meta básica do maior lucro. Ao ver a pecuária desse modo, muitas pessoas talvez se surpreendam com o fato de que a adoção de tecnologias muito simples e baratas pode, em vários casos, gerar ganhos extraordinários em termos de rentabilidade.
Como se sabe, a cadeia da carne envolve grande número de agentes, englobando desde o setor que fornece insumos para a atividade pecuária até o consumidor final. Convém enfatizar que o produtor não está sozinho nesse barco: a produção, no âmbito da fazenda, deve objetivar, na outra ponta, a plena satisfação dos consumidores finais, e isso só é possível pela ação conjunta e coordenada de todos os agentes da cadeia da carne. Tal é o objetivo mais geral, que deve harmonizar com o de lucrar com a pecuária.
O objetivo desse livro é justamente mostrar os caminhos que o pecuarista – no caso, o criador e o recriador – tem pela frente para fazer “o boi dar lucro”. Focalizando aspectos tanto da produção quanto do gerenciamento das atividades e da comercialização, tudo a partir de uma perspectiva bem prática, orientando a análise para a busca da produtividade e da qualidade em toda a cadeia da carne.
Não deixe de conferir a 4ª edição atualizada do Livro Cria e Recria na Pecuária de Corte
por Renato Rodrigues