Um dos autores do Livro AFE Saúde de Rebanhos – Na Pecuária de Corte, Sylvio Lazzarini, ressalta que a saúde dos rebanhos não pode ser medida através da quantidade de medicamentos que o produtor tem em sua farmácia ou na geladeira. Na verdade, quando se tem a necessidade de utilizar um alto número de medicamentos é porque a saúde do rebanho vai mal, assim como sua rentabilidade.
Nesse contexto, a melhor forma de lidar com as diversas doenças que trazem prejuízos à pecuária de corte é evitando-as. Sobretudo quando elas possuem grande potencial para levar os bovinos a óbito de forma muito rápida: é o caso das doenças neurológicas, como o botulismo.
O botulismo se configura como uma grande preocupação aos produtores, especialmente porque os animais adoecem ao ingerirem neurotoxinas C ou D da bactéria Clostridium botulinum, encontradas em matéria orgânica decomposta, em carcaças de animais mortos, na água, no solo e em alimentos.
Contudo, há uma falsa classificação da doença como uma infecção. No entanto, trata-se de uma intoxicação que tem a capacidade de matar o animal em pouco tempo. Conheça um pouco mais sobre essa doença:
Sinais clínicos do botulismo
Pelo fato de ser uma patologia neurológica, os sinais são alarmantes. Animais doentes sofrem de paralisia que ascende a partir dos membros posteriores, evoluindo para uma paralisia cardiorrespiratória.
A princípio, o bovino intoxicado passa a levantar os membros posteriores com bastante dificuldade. Entretanto, o animal são fica inconsciente – sinal clínico de outras doenças neurológicas, a exemplo da raiva. Apesar de todos os esforços para se locomover e para se alimentar, o bovino não é capaz de realizar essas “funções” básicas. São característicos do botulismo, ainda, a diminuição dos movimentos da causa e a perda do tônus da musculatura da língua – sintomas que não são comuns a todos os bovinos doentes.
Diagnóstico do botulismo
Somente médicos veterinários são capazes de realizar o diagnóstico da doença, a partir:
- Da avaliação dos sintomas e de possíveis fontes de contaminação;
- Da avaliação da presença de carcaças de animais nos pastos;
- Da avaliação do calendário sanitário e da administração de vacinas contra o botulismo;
- Da necrópsia.
Vale ressaltar que o diagnóstico não é tão fácil, dado que animais doentes podem morrer e, mesmo mortos, não acusem a presença do botulismo, dado que a presença da toxina na placa neuromuscular pode ser pequena.
Tratamento
O tratamento do botulismo não é tão simples quanto parece. A depender da quantidade de toxina ingerida pelos animais, a evolução do quadro pode ser muito rápida. Animais que ingeriram grande quantidade de toxinas rapidamente sofrem a paralisia e morrem. De forma correlacionada, animais que ingeriram pouca quantidade precisam de um tratamento de suporte, mas, pelo fato de não se alimentarem nem beberem água, dificilmente conseguirão sobreviver.
Prevenção
Há quatro principais pontos que demandam atenção para que a prevenção ao botulismo seja efetiva:
- Conservação da água, devido ao fato de que, ainda que aparente estar limpa, a água pode conter restos de carcaça que são ideais para o desenvolvimento da bactéria;
- Mineralização dos bovinos, oferecendo suplementação adequada para os animais, o que acarretará redução na busca por minerais em outras fontes, como ossos;
- Conservação do alimentos, evitando que fermentem de forma excessiva e se tornem propícias à proliferação de bactérias;
- Vacinação, uma das principais formas de conter a enfermidade, pois seu controle é mais trabalhoso.
Conheça nossos Livros da Área Pecuária de Corte:
Saúde de Rebanhos – Na Pecuária de Corte
Cria e Recria na Pecuária de Corte
Engorda a Pasto – Na Pecuária de Corte
Fontes: Blog Rehagro – rehagro.com.br/blog/
Giro do Boi – girodoboi.com.br
por Renato Rodrigues