Lea Chapaval, autora do Livro AFE Manual do Produtor de Cabras Leiteiras, destaca que a rotina de produção de leite de cabra envolve a ordenha, um processo que, quando não é bem executado, afeta diretamente a qualidade do leite e, consequentemente, os resultados da atividade.
E, ao contrário do que muitos produtores acreditam, para que a ordenha seja efetiva, não é somente o momento da retirada do leite que requer atenção. O ambiente, o estado de saúde dos animais, o úbere, as tetas, as instalações e tudo aquilo o que é utilizado precisa estar alinhado com o procedimento e o manejo higiênico desse processo.
Logo, para auxiliar os produtores, alguns cuidados devem ser tomados em três momentos: antes, durante e depois da ordenha. Fique atento:
Antes da ordenha
- Preparação
Todo o processo de ordenha começa na limpeza do ambiente onde os animais ficam durante a sua realização. É necessário que o local seja confortável, apresente fácil acesso e que disponha de água e alimento. Depois, as cabras têm que ser guiadas até esse lugar de forma tranquila, sem que passem por estresse. As mãos do ordenhador, bem como as tetas e os baldes onde o leite será guardado precisam ser higienizados.
- Ordenhador
É importante afirmar que o ordenhador deve possuir conhecimento sobre a ordenha. Além disso, roupas devem estar sempre limpas e o cabelo, preso. Ao apresentar qualquer doença infectocontagiosa ou qualquer ferimento nas mãos, por exemplo, ele não deve ordenhar as cabras.
- Linha de ordenha
Para seguir um padrão, recomenda-se que se estabeleça uma linha para a ordenha, como: ordenha de cabras sadias e que nunca apresentaram problemas; ordenha de cabras sadias, mas que já apresentaram problemas; ordenha de cabras que sempre apresentam problemas, porém o leite deve ser descartado se estiver talhado ou se apresentar cor diferente da usual.
Durante a ordenha
O primeiro passo desse segundo momento deve ser a limpeza das tetas da cabra para evitar contaminação. É normal que cabras apresentem a mastite, uma inflamação da glândula mamária que é perceptível pela observação do úbere quente, inchado, duro, vermelho e dolorido.
O teste da caneca telada ou de fundo escuro também é exigido para que seja possível constatar a saúde do úbere das cabras. A partir dos primeiros jatos, percebe-se se o leite apresenta grumos, pus ou sangue, o que evidencia a presença da mastite.
Na ordenha, de fato, o ideal é que os movimentos sejam lentos e organizados, o que contribuirá para estimular e fazer “descer o leite”. Movimentos muito bruscos podem machucar o animal e causar dores.
Depois da ordenha
O processo de higienização das tetas tem que ser repetido, cuidando para que os animais se mantenham de pé após o processo. Isso permitirá que o orifício da teta se feche e evitará que microrganismos entrem e o contaminem. Uma boa estratégia é o fornecimento de alimentação nos cochos.
- O leite
Depois de extraído, o ideal é que o leite seja filtrado em um coador limpo e armazenado em baldes fechados. O resfriamento deve ser feito logo após essa etapa, para evitar que microrganismos já presentes nele se multipliquem e o tornem impróprio para consumo, garantindo, também, manutenção da qualidade do leite.
- Equipamentos e utensílios
Por fim, tudo o que foi utilizado no processo precisa passar por um processo de limpeza e higienização, desde as instalações até os utensílios, como os baldes. Preferencialmente, a lavagem deve ser feita com a utilização de água corrente e clorada, com o auxílio de uma escova e de detergente neutro.
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Manual do Produtor de Cabras Leiteiras
Fonte: SOUZA, Viviane de et al. Ordenha higiênica de leite de cabras. Sobral: Embrapa Caprinos e Ovinos, 2014. 22 p.: il.
por Renato Rodrigues