A água é um elemento considerado vital para os seres humanos, animais e plantas. Enquanto os homens e os animais estão sempre buscando-a para consumo, de acordo com suas necessidades, na agricultura, as plantas a recebem por meio uma etapa do manejo chamada irrigação.
Demerval Lopes, um dos autores do Livro AFE Irrigação por Aspersão Convencional, explica que a irrigação pode ser considerada uma das mais importantes técnicas de produção agrícola, uma vez que ela possibilita o fornecimento de água para as culturas no momento certo e na quantidade adequada.
Nesse contexto, a água oferecida às culturas deve ser de qualidade, garantindo um bom desenvolvimento e boa produtividade das plantas. Em se tratando da água para a irrigação, sua qualidade é definida, entre outros, em função de três critérios básicos:
1. Salinidade em sentido restrito, responsável por avaliar o risco de que a água provoque altas concentrações de sais, produzindo um efeito osmótico e diminuindo o rendimento dos cultivos;
2. Sodicidade, responsável por avaliar o risco de que se induza uma elevada Percentagem de Sódio Trocável (PST), deteriorando a estrutura do solo;
3. Toxicidade, responsável por analisar problemas que podem criar determinados íons acumulados nos tecidos das plantas.
Águas utilizadas para a irrigação
São duas as principais origens das águas utilizadas na irrigação:
- Águas superficiais, originárias de rios ou lagos, por exemplo;
- Águas subterrâneas, que se infiltram através da superfície do terreno e enchem os espaços vazios dos interstícios das rochas.
Além dessas, há também as águas residuárias, que são aquelas descartadas após diversos tipos de processos, sendo reutilizadas na irrigação. A título de exemplificação, temos as águas residuais domésticas, provenientes de banhos, cozinhas e lavagens; as residuais industriais, resultado do processo de fabricação das indústrias; as de infiltração, que se infiltram nos coletores de água do terreno; e as águas urbanas, resultantes das chuvas, lavagem de pavimentos, regas, entre outros.
Classificação da água para irrigação
De acordo com o que foi proposto por Richards, as águas são divididas em quatro classes (C), de acordo com a sua condutividade elétrica e em outras quatro (S) de acordo com sua sodicidade. Com a combinação desses dois índices, é possível estabelecer vários tipos de águas:
C 1 – Água de baixa salinidade, permitida para irrigação de grande parte dos cultivos e para quase todos os tipos de solos;
C 2 – Água de salinidade média, permitida a utilização sempre que haja grau moderado de lixiviação;
C 3 – Água de salinidade alta, não permitida para solos em que haja drenagem eficiente;
C 4 – Água de salinidade muito alta, não apropriada para a irrigação, mas que pode ser utilizada ocasionalmente em casos muito específicos.
S 1 – Água com baixo conteúdo em sódio, permitida para a irrigação em grande parte dos solos;
S 2 – Água com conteúdo médio em sódio, que só podem ser utilizadas em solos com textura grossa ou em solos orgânicos de boa permeabilidade;
S 3 – Água com alto conteúdo de sódio, que tem potencial para desenvolver níveis tóxicos de sódio trocável na maioria dos solos, necessitando de manejo especial;
S 4 – Água com conteúdo muito alto de sódio, inadequada para a irrigação, exceto quando apresente salinidade baixa ou média e quando a dissolução de cálcio do solo e a aplicação de gesso ou outros melhoradores não torne o uso desse tipo de água economicamente viável.
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Fonte: ALMEIDA, Otávio Álvares de. Qualidade da água de irrigação. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2010. - Disponível em: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/875385/1/livroqualidadeagua.pdf. Acesso em: 28 jul. 2020.
por Renato Rodrigues
