O cultivo hidropônico é uma técnica de cultivo que oferece muitas vantagens e visa otimizar os fatores de crescimento para obter produtividades elevadas; por isso, é imprescindível que se empreguem mudas apropriadas e de alta qualidade. Atualmente, a produção de mudas é um segmento bastante especializado e pode-se optar por adquirir as mudas já formadas e em condições de serem utilizadas para a produção em hidroponia. Nesse caso especial, atenção deve ser dada à sanidade.
Herminia Emilia Prieto Martinez, autora do Manual Prático de Hidroponia, da Aprenda Fácil Editora, ensina que “As mudas deverão ter sido produzidas em substrato esterilizado e que não contenha solo na mistura. Substratos de baixa atividade química, como espumas fenólicas, vermiculita e fibra de coco, devem ser preferidos.”.
Caso se opte pela produção das próprias mudas, o que é mais seguro do ponto de vista sanitário, diversos aspectos devem ser considerados. A obtenção de mudas vigorosas e sadias começa pela escolha das sementes, que devem ter sido corretamente colhidas, beneficiadas, armazenadas, tratadas e embaladas, livres de patógenos e preferivelmente peletizadas.
A escolha do substrato e o manejo da irrigação, provendo uma proporção água/oxigênio adequada, é um segundo ponto a ser considerado. Além da relação entre macro e microporos, na escolha do substrato, deve-se optar por aqueles que não veiculem patógenos e que, no caso de se transplantarem raízes nuas, se soltem facilmente delas. Substratos que aderem às raízes e são de difícil remoção causam maior estresse no transplantio, retardando a recuperação e a retomada do crescimento das plantas.
Ao início da germinação ocorre rápida absorção de água, que se reduz progressivamente e volta a aumentar com a emissão da radícula e o início do desenvolvimento da parte aérea. A partir desse ponto, a semente torna-se uma “plântula”, e esta tem baixa capacidade de suportar a dessecação. Por outro lado, o excesso de água é também indesejável, pois limita as trocas gasosas e a respiração radicular, além de promover a lixiviação de nutrientes. Sem oxigênio, a própria absorção de água pelas raízes cessa e as plantas murcham. Para garantir um crescimento adequado, a água deve ser aplicada regular e uniformemente, isenta de patógenos e apresentar baixas concentrações de carbonatos, sódio, cloro e boro.
A temperatura é outro fator a ser considerado, já que em casa é comum que se eleve acima das observadas em campo. Altas temperaturas podem prejudicar o desenvolvimento das mudas, causando redução na taxa crescimento e aparecimento de áreas com tecidos mortos nas folhas e no caule. Tais sintomas ocorrem por esgotamento, ou seja, respiração maior que a fotossíntese, e agrava-se quando a umidade é excessiva, falta oxigênio para a respiração radicular e ocorre acúmulo de produtos tóxicos como etanol ou acetaldeído.
Por fim, luz e nutrientes também devem ser otimizados. O uso de telas de sombreamento inadequadas ou a pintura excessiva da cobertura com cal podem resultar em mudas estioladas e com baixa relação raiz/parte aérea. Por outro lado, a insolação excessiva pode causar danos às plântulas emergentes, sendo recomendado que sejam sombreadas com telas até o completo estabelecimento.
Fornecer nutrientes em quantidades e proporções adequadas é de importância fundamental, especialmente quando se trata de mudas produzidas em substratos com baixa ou nenhuma atividade química. É comum empregar-se na produção de mudas a mesma solução que se utiliza para o crescimento vegetativo da cultura, diluída a 50%, uma vez que as plântulas são mais sensíveis à salinidade que plantas adultas da mesma espécie.
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Por Renato Rodrigues
