Lea Chapaval, autora do Livro AFE Manual do Produtor de Cabras Leiteiras, destaca que o leite, um dos principais produtos da caprinocultura, coloca essa atividade como uma opção vantajosa para criadores em todo o Brasil, que precisam estar atentos à qualidade desse produto, haja vista que ele é destinado ao consumo humano.
É importante ressaltar que alguns estados contribuem ainda mais para potencializar os números da caprinocultura, uma vez que esse tipo de criação também ganha importância socioeconômica, gerando renda aos criadores, ao mesmo tempo em que pode ser desenvolvida na condição de subsistência.
Entretanto, apesar de promissora, é necessário que os caprinocultores conheçam todos os aspectos que envolvem a criação de cabras com a finalidade de se obter leite. Em relação ao manejo sanitário, por exemplo, verifica-se que os caprinos são mais suscetíveis a algumas doenças, que afetam a tanto a produtividade do animal, quanto a qualidade do leite:
Verminose
Agentes infecciosos, como helmintos e vermes são os causadores das verminoses e possuem potencial para prejudicar todo o rebanho, dado que, doentes, os animais emagrecem, ficam mais fracos, têm os pelos arrepiados e manifestam diarreia, edema submandibular e anemia. Entre os prejuízos que as verminoses causam, a diminuição dos índices de parição, a diminuição do crescimento dos animais e a diminuição da produção de leite são tão importantes quanto as mortes no rebanho, que costumam aumentar significativamente.
Linfadenite caseosa ou mal-do-caroço
Como o próprio nome sugere, a doença é caracterizada pelo aparecimento de caroços nos animais, que acarretam desvalorização da pele e da carne dos caprinos. Também conhecidos como abcessos, o ideal é que o rompimento natural deles seja evitado. Para isso, o próprio caprinocultor precisa realizar o processo de rompimento dos caroços, estejam eles moles ou duros. Confira o passo a passo:
- Cortar os pelos e desinfetar a pele;
- Abrir o acesso e retirar o pus;
- Aplicar tintura de iodo a 10% dentro do local aberto;
- Aplicar mata-bicheiras para evitar esse problema;
- Queimar o pus e esterilizar todos os instrumentos;
- E, por fim, isolar os animais doentes.
Ectima contagioso ou boqueira
Assim como o mal-do-caroço, a boqueira é uma doença contagiosa e pode ser espalhada entre os animais facilmente. Caracteriza-se pela presença de pequenos pontos avermelhados nos lábios, desenvolvendo-se para a formação de pústulas que rompem, secam e se transformam em crostas – que são parecidas com verrugas. E gengivas, narinas, úbere e outras partes do corpo também estão sujeitas ao aparecimento desses pontos vermelhos. Os animais doentes precisam ser isolados e tratados para evitar que contaminem animais sadios.
Pododermatite ou frieira
Seu nome também deixa pistas de como essa doença funciona: é decorrente de uma inflamação na parte inferior do casco e entre as unhas. Causada por bactérias, encontra nas épocas chuvosas o momento ideal para aparecer, quando os animais ficam em áreas encharcadas por um bom tempo. O principal sintoma da frieira é a manqueira, dificultando o andar dos animais, que passam a ficar mais deitados e, consequentemente, se alimentam mal e emagrecem. Em casos extremos, podem vir a óbito.
Pediculose
Quando o local de criação não proporciona boas condições de higiene para os caprinos, a infestação de piolhos pode ocorrer e afetar a criação dos animais. Durante todo o ano, o aparecimento de piolhos é comum, mas em épocas secas ela é maior e os dois tipos – mastigadores e sugadores – causam coceira, irritação, inquietação e emagrecimento. Quando o ataque é muito intenso, não é difícil que os animais morram.
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Manual do Produtor de Cabras Leiteiras
Fonte: Embrapa – sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br
por Renato Rodrigues
