As autoras do Livro AFE Manual de Horticultura Orgânica, Jacimar Souza e Patrícia Resende, explicam que o cultivo de orgânicos constitui hoje, uma das melhores opções para os agricultores, não somente pelo grande interesse das pessoas no consumo de produtos considerados mais saudáveis, como também pela escassez no mercado.
Porém, a agricultura moderna sofre alguns problemas e enfrenta alguns desafios para conseguir se expandir. Em primeira análise, independentemente do tamanho da área cultivada, o maior desafio dos agricultores é o de obter lucros que, além de conseguir pagar todos os custos e garantir novos investimentos, sejam capazes de garantir qualidade de vida a eles.
Graças às inovações tecnológicas, cada vez mais novas técnicas são introduzidas na agricultura e assimiladas pelos sistemas produtivos, garantindo que a produtividade esteja sempre em alta. Historicamente, de 1990 até os dias atuais, a área utilizada para cultivo em nosso país cresceu 61%, ao passo que a produção aumento 310%.
Em relação à produção orgânica, os dados são, ainda pequenos. Isso porque esse tipo de produção vem crescendo de forma gradual, por encontrar vários empecilhos pelo caminho, como os baixos investimentos realizados nas agroindústrias e na produção que, por sua vez, têm dificuldade de gerar escala. Isso acaba provocando um problema no nosso mercado: a demanda por produtos orgânicos ainda é expressivamente maior do que a oferta.
Não somente a demanda, como as pesquisas realizadas para essa área, assistência técnica especializada e produção de insumos e sementes também são pontos que fracos da agricultura orgânica por serem insuficientes quantitativamente.
A atividade remete a algo simples, mas, alguns requisitos como a adubação natural, conservação da área e proibição de fertilizantes químicos, entre outros, requerem cuidados específicos e largam atrás em relação à agricultura convencional, que possui ferramentas próprias.
Alguns comércios como os supermercados têm percebido o potencial do setor e a importância de que esses produtos ocupem cada vez mais espaço em seus ambientes físicos, mas isso acaba esbarrando na dependência dos pequenos produtores em somente comercializar seus produtos em grandes varejos.
Ainda que a regulamentação desses produtos tenha sido feita em 2003, não é possível mensurar o real impacto e apresentar dados consistentes sobre o setor orgânico em nosso país. Estima-se que esse mercado represente mais de um milhão de hectares em nosso país, mas esse dado é o mesmo de 2011 e está bastante fragmentado.
Em 2011 foi implantado um selo único de certificação brasileiro “Orgânicos Brasil”, que prometia ajudar a organizar os produtos orgânico, além de permitir melhor controle sobre essa produção, mas essa regulamentação acaba se tornando um problema não só para os pequenos produtores.
Fato é que o setor de orgânicos conseguir conquistar quase todos os envolvidos no processo: o consumidor, que agora consegue identificar o que está comprando de forma mais clara, os produtores e empresas que atuam no setor, pois passaram a cultivar um produto de qualidade; o país, que poderá, aos poucos se livrar do título de maior consumidor de agrotóxicos do mundo; e o mundo, que também se preocupa com produtos mais saudáveis e que não causem tanto impacto ao meio ambiente.
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Fontes: Embrapa – embrapa.br
Globo Rural – revistagloborural.globo.com
Planeta Orgânico – planetaorganico.com.br
por Renato Rodrigues
