A capivara é animal silvestre que se tornou um símbolo ecológico brasileiro, associada aos nossos recursos hídricos e, em especial, à imagem do pantanal brasileiro. Esse mamífero roedor é abundante em quase todo o Brasil, desde que exista água e faz parte da “família” das pacas, cutias, preás e porquinhos-da-índia.
Fábio Hosken, um dos autores do Livro AFE Criação de Capivaras, enfatiza que, em relação à criação com finalidade comercial, a carne das capivaras é apreciada por todas as classes sociais, o couro se presta à fabricação de artefatos, alguns nobres – como luvas de golfe – e gordura é utilizada na terapêutica indígena brasileira e sul americana com eficácia comprovada.
Graças às características produtivas desse animal, a capivara é a espécie nativa de animal silvestre mais criada em todo o Brasil. Além de combater o uso ilegal da fauna, as criações legalizadas também atuam na conservação das espécies e são consideradas uma importante alternativa econômica para pequenas e médias propriedades.
Nesse sentido, é necessário conhecer os sistemas de criação desse roedor “gigante”:
Sistema intensivo ou confinado
Como o próprio nome sugere, o sistema confinado é aquele em que os animais são alocados em pequenos espaços e manejados pelos criadores. Ainda que esse tipo de criação não possua fins zootécnicos, ele serve para produzir dados que orientem a criação das capivaras. Um exemplo é a criação feita em zoológicos.
Sistema semi-intensivo ou semiconfinado
Esse sistema é considerado “o meio do caminho”, haja vista que as capivaras não vivem o tempo todo em baias e nem soltas nos piquetes. Tomando como base o custo benefício, o semi-intensivo é o sistema mais indicado e possibilita aos criadores a obtenção de maior preço de venda do animal e da sua carne, gerando, consequentemente, mais lucros.
Ainda, vale ressaltar que ele se aproxima do sistema orgânico, uma vez que as capivaras são criadas a campo e não necessitam de muitos insumos pecuários, o que garante uma criação mais sustentável. Seguindo esse contexto, contribui também para a conservação das capivaras do ambiente natural.
A escolha por um sistema semi-intensivo deve dar atenção a vários pontos que envolvem a criação, como:
- Instalações, equipamentos e mão de obra, aspectos fundamentais na rotina das propriedades criadoras;
- O rebanho, que pode ser adquirido ou capturado na natureza com licença concedida pelo IBAMA;
- A alimentação, principal fator na criação de qualquer animal;
- O manejo e todas as operações que o envolvem;
- E a reprodução e o crescimento dos filhotes;
Sistema extensivo ou de pastejo
Diferentemente dos outros dois sistemas, as capivaras criadas de forma extensiva são colocadas em grandes áreas cercadas, com um açude de médio a grande porte, e alimentadas, geralmente, com pastagem natural e suplementos. O sistema de pastejo, porém, é um pouco inviável do ponto de vista financeiro, dado que os telados para forragens possuem um custo expressivo e que as cercas elétricas não podem ser usadas.
Nessa esteira, o local destinado a essa finalidade não permite a criação de outros animais, como bovinos. A cada hectare, são permitidas 12 capivaras, incluindo os filhotes. Há pouca precisão nas determinações e recomendações técnicas principalmente em sistemas em que há menos controle dos animais, como o extensivo, carecendo de mais estudos sobre todos os pontos que dizem respeito a ele.
Escolhendo o sistema de criação ideal
Na hora da escolha, cabe ao criador avaliar as condições de todos os sistemas, bem como os custos de implantação. Destaca-se também que, a depender do objetivo da criação -para a produção de carne ou de gordura, por exemplo – um sistema pode ser mais produtivo que o outro. Na dúvida, consulte um profissional especializado.
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Criação de Capivaras
Criação de Cutias
Criação de Emas
Fonte: PINHEIRO, Max Silva. Sistemas de criação de capivaras/Max Silva Pinheiro, Júlio José Centeno da Silva, Ruben Cassel Rodrigues. -- Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2005. 84 p. -- (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 152).
por Renato Rodrigues