Antônio Tubelis, autor do Livro AFE Conhecimentos Práticos sobre Clima e Irrigação, destaca que o clima é um fator físico que afeta praticamente todos os setores da sociedade, apresentando oscilações diárias, mensais, estacionais, de vários anos e, até mesmo, de séculos.
Nas propriedades rurais, esse fator só é lembrado em situações atípicas, mas a observação, anotação e acompanhamento diário, por meses ou anos, é um instrumento precioso para as decisões que deverão ser tomadas pelo produtor rural durante todo o processo de condução da sua atividade.
Quando se pensa em mudança climática, não estamos nos referindo a eventos pontuais, como aquela chuva no final da tarde que cessará em pouco tempo. Mudanças climáticas são alterações que vão acontecendo ao longo do tempo e que criam raízes à medida em que vão sendo favorecidas.
Ao longo dos anos, nosso planeta tem experimentado diversas mudanças climáticas, que vêm afetando a agricultura e ditando novas regras para a produção de alimentos. Nesse contexto, torna-se crucial conhecer quais são essas mudanças e quais os impactos que elas produzem na agricultura mundial:
Utilização de produtos fitossanitários
Como um “efeito dominó”, as mudanças no clima acarretarão também mudanças nas doenças e no manejo delas. E todas as partes envolvidas nesse impasse – os agentes infecciosos, as plantas atingidas e a interação entre eles – sofrerão as consequências. Por exemplo, novas doenças podem surgir em algumas regiões, ao passo em que outras podem perder a relevância. Da mesma forma, com o aumento da umidade, algumas enfermidades serão favorecidas, enquanto outras perderão sua força.
Zoneamento climático
Seguindo o IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, que aponta uma tendência ao aumento da temperatura, todo o sistema agrícola mundial está perto de passar por mudanças relevantes, como é o caso da diminuição de áreas favoráveis ao plantio de algodão, arroz, café, feijão, girassol e milho. Além dessas, estima-se que a soja seja a cultura mais impactada com as mudanças climáticas. Na contramão desse desafio, está a cana-de-açúcar, que tende a se expandir, devido ao fato de a planta gostar bastante do caro.
Eventos externos
- Ondas de calor
Com a grande tendência ao aumento da temperatura do planeta, o Brasil poderá atingir temperaturas acima de 32°C diariamente. E, para a produção agrícola, esse índice não é nada favorável, haja vista que causam interferência nas fases do ciclo fenológico das culturas e no desenvolvimento de órgãos das plantas. Logo, a previsão é que a produtividade sofra uma queda.
- Veranicos
A extensão de períodos parecidos com o verão mesmo em épocas atípicas também será um problema. Em outras palavras, na estação chuvosa ou no inverno, períodos de estiagem com calor, forte insolação e baixa umidade relativa demandarão maior necessidade de irrigação. Isso poderá provocar perdas em diversas culturas e reduções significativas nas áreas agricultáveis.
- Chuvas e ventos intensos
Em algumas regiões do nosso país, a ocorrência de chuvas em excesso dificultará a mecanização das áreas cultivadas, pelo fato de que sofrerão inundações. Igualmente, ventos muito intensos provocarão o “acamamento” de algumas culturas e a aplicação de produtos fitossanitários também será afetada negativamente.
Entendendo o ambiente
Com mencionado, o ideal é que os produtores conheçam o clima para que possam evitar prejuízos em suas plantações e para que estejam sempre preparados para qualquer mudança climática. Muitas das mudanças previstas ainda levarão anos para, de fato, acontecerem, mas já merecem a atenção e a adoção de estratégias para minimizar quaisquer impactos que elas venham a provocar a curto, a médio ou a longo prazo.
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Irrigação Eficiente – Como Controlar o Consumo de Água e Energia em Sistemas de Irrigação por Aspersão e Localizada
Fonte: Agro Smart – agrosmart.com.br
por Renato Rodrigues